Desenho a traço mostrando o retiro do Morro das Pedras, construção em pedras com arco no telhado, onde há um cruz

O retiro que a novela transformou em hospital

Quando chegam visitas de outras cidades, trato logo de levá-las ao retiro do Morro das Pedras. Não para mantê-las longe das tentações terrenas – essa responsabilidade não é minha – mas para apresentar uma das vistas mais bonitas de Florianópolis: as praias do Morro das Pedras e da Armação vistas de cima da colina.

A Casa de Retiros Vila Fátima, o nome atual, foi inaugurada em 1956. Os padres pesquisaram em lugares como Canasvieiras, Lagoa, Trindade e na ilha de Anhatomirim até decidirem pelo Morro das Pedras. Foi erguida com material local e é da mesma época da Igreja de Pedra, no Rio Tavares, que desenhamos em 2018.

Assim não há nanquim que seque: sessão teve temperatura de 14º C

Foram essas pedras, aliás, que deram trabalho no desenho (certamente bem menos que quebrá-las e transportá-las). Fiel à máxima “pra que facilitar a vida se a gente pode sofrer”, registrei pedra por pedra em vez de rabiscar só algumas, como artistas profissionais fazem para simplificar o trabalho.

Usei um tira-linhas Dreaming Dogs. Pela primeira vez, mantive os traços mais soltos do início ao fim do desenho. Até então, acontecia de começar com gestos mais fortes e acabar me distraindo nos detalhes, finalizados com a ponta fina do instrumento.

Um desses pormenores, a rampa de acesso, foi construída por uma equipe da Globo. Foi nela que o ator Eriberto Leão passou em cadeira de rodas ou muletas na novela Insensato Coração depois que seu personagem sofreu um acidente de avião.

A produção, ambientada em Florianópolis, estreou em horário nobre em 2011. Como tudo é ficção, o retiro virou um tal de “Hospital do Santíssimo”, que nunca existiu. Surpresa seria se o galã fosse parar na emergência do Hospital Celso Ramos.


  • Tira-linhas Dreaming Dogs nº 6 “Lollipop”
  • Nanquim japonês (sumi) puro e diluído em água
  • Papel de aquarela 57 x 38 cm
  • 6 de julho de 2019

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