Tag: desenho

  • De duas casas, sobrou uma

    De duas casas, sobrou uma

    É fácil apontar culpados pelo ano inteiro que se passou entre o desenho de hoje e o anterior. Foi o trabalho que absorveu minhas horas, as férias que não deixaram tempo para nada, o verão da insolação e dos mosquitos, o inverno frio que enrijeceu os dedos, e até a caneta, que anda com a…

  • A ponte sempre presente

    A ponte sempre presente

    Ser uma rara ponte pênsil no Brasil, ou a maior delas, deve ter sido a causa da Hercílio Luz ter virado o cartão postal de Florianópolis. Inaugurada quando a cidade era uma província de 40 mil habitantes, em 1926, foi ao mesmo tempo símbolo de modernidade e início da expulsão dos moradores pobres que viviam…

  • A quem recorro quando a bicicleta dá problema

    A quem recorro quando a bicicleta dá problema

    Vou andando ao trabalho depois das férias de fim de ano e vejo a bicicletaria do Valdir fechada. Cena improvável. Quem passa pela rua sabe que as dezenas de bicicletas do lado de fora esperando a vez de serem consertadas são uma visão tão certa quanto o muro de pedra onde ficam apoiadas. Era essa…

  • Sobre a maldade aparente

    Sobre a maldade aparente

    O cartaz original do filme Monster é enganoso. O título, juntamente com a foto de dois guris com os rostos sujos de algo que parece sangue, dão a impressão de cenas violentas. E, já tendo visto outros dois títulos do diretor Hirokazu Kore-Eda, sabia que seria tudo muito sério. De suas outras produções, tive uma…

  • Neste 2024…

    Neste 2024…

    Que sempre haja tinta para você fazer o que quiser. Desenho ou texto, ficção ou reportagem, prosa ou poesia, natureza-morta ou caricatura, memória ou devaneio, lista ou relato. Com a caneta ou com o teclado, no papel ou na tela. Para o mundo inteiro ver ou para você rasgar em seguida. Com tintas de todas…

  • Antes que a velha rodoviária desapareça

    Antes que a velha rodoviária desapareça

    No final de 1976, um casal de arquitetos com um bebê de colo veio de São Paulo em um Fusca vermelho para se mudar definitivamente a Florianópolis. Ela, minha mãe, tinha 28 anos. Meu pai estava prestes a fazer 31. Só nos anos seguintes iríamos pegar ônibus na antiga rodoviária, entre as avenidas Mauro Ramos,…

  • A casa azul, o coqueiro e o gato

    A casa azul, o coqueiro e o gato

    Domingo é domingo, ainda mais de manhã cedo. O final da rua Vera Linhares de Andrade, quase no pé do morro da Lagoa, está vazio. É um trecho onde o asfalto se estreita e a calçada espreme as pessoas. A meia dúzia de casas fica escondida dos carros. De pedestres, só uns poucos moradores e…

  • Obituário? Nem morta

    Obituário? Nem morta

    Tirando o horóscopo e a previsão do tempo, os jornais lidam com o passado recente. O obituário, aquele anúncio de falecimento impresso a pedido da família, também entra nessa categoria dos acontecimentos dos últimos dias. Na Folha de São Paulo, essa seção tem um nome seco: “Mortes”. Para amenizar a aspereza, o jornal publica todo…

  • Viemos como estávamos

    Viemos como estávamos

    Faço parte de uma plateia resignada e aflita, espalhada pelas cadeiras, que não comprou ingresso e nem ganhou convite. Estamos todos aqui por causa de um único integrante de uma peça cujo script diz que ele ou ela vai entrar pela porta de correr, sair duas horas depois e recitar sua fala.

  • O eclético grudado no pós-moderno

    O eclético grudado no pós-moderno

    O sujeito vê aquele monte de gente desenhando na rua Felipe Schmidt, me acha com cara de quem sabe o que está acontecendo, chega ao meu lado na calçada da praça 15 de Novembro e pergunta: — Vocês estão fazendo uma competição? Se é competição, escolhi uma posição favorável. Estou protegido do sol pela sombra…

  • Eu poderia estar vendendo bilhete de loteria

    Eu poderia estar vendendo bilhete de loteria

    Estou em pé, encostado na mureta da padaria Maria Farinha, com a prancheta na mão esquerda e a caneta na direita. É junho, mas o sol forte permite sair de camiseta. A minha é amarela. Uma senhora franzina se aproxima puxando um carrinho de feira. “Vai perguntar o que estou fazendo e quem sabe elogiar…

  • Vinte desenhistas catarinenses, por Jayro Schmidt

    Vinte desenhistas catarinenses, por Jayro Schmidt

    É raro quem reserva tempo para elaborar análises bem fundamentadas nas redes sociais. O artista, escritor e crítico de arte Jayro Schmidt tem sido uma dessas exceções. Há pouco, ele concluiu uma série de textos no Facebook sobre artistas visuais de Santa Catarina. Com o título 16 desenhistas catarinenses, lista que depois foi ampliada em…