Desenho a nanquim de uma câmera analógica Olympus Pen

O prazer das coisas mecânicas

Já percebeu que, depois que uma nova tecnologia aparece para facilitar a vida, as pessoas são tomadas de nostalgia?

Senão, vejamos: quando os arquivos em MP3 aposentaram LPs, CDs e fitas cassetes, os saudosistas começaram a colecionar os discos de vinil dos quais seus proprietários tinham se desfeito uma década atrás.

Mesmo com os serviços de streaming de música se popularizando e oferecendo um catálogo maior que o de qualquer Tower Records por uma mensalidade que é a metade do preço de um CD, os vinis continuam em alta.

As bandas voltaram a lançar LPs, fábricas foram reativadas e empresas de áudio introduziram modelos de pickups para o novo consumidor, que agora inclui jovens nascidos quando o CD já tinha tomado as prateleiras das lojas de música.

Para comparação, o primeiro disco do Legião Urbana, em CD, custa entre R$ 30 a R$ 60. Na edição nova, em vinil, o preço salta para R$ 150. Um bom negócio.

A última “novidade” são norte-americanos comprando aqueles imensos gravadores de rolo e fitas antigas. Alegam que o som supera qualquer formato.

Filmes, químicos e carretéis

Não contentes em, primeiro, se livrar do demorado e custoso processo de revelar filmes e, em segundo, da qualidade de imagem do celular se aproximar ao de câmeras bem mais caras, os entusiastas da fotografia tradicional continuam a colecionar modelos antigos e a pesquisar filmes e químicos.

Além de comprar os filmes em sites especializados, há a decisão de como revelá-los. Por restarem poucos estabelecimentos, a opção de fazer isso em casa acaba sendo econômica, ao menos para o preto e branco (e desde que você escaneie o filme em vez de ampliá-los pelo processo fotográfico). É uma receita de bolo, embora exija habilidade para colocar o filme no carretel de aço.

Eu mesmo entrei nessa há uns anos. Dei uma geral na Pentax Spotmatic que usava antes do digital e pouco depois acabei comprando uma Walzflex, japonesa, de médio formato. Não sabia que carregar e avançar o filme de 120 mm seria tão complicado.

Os outros filmes que comprei ficaram, literalmente, na geladeira. Ao menos no meu caso, a preguiça venceu a nostalgia.


  • Tira-linhas Dreaming Dogs nº 5
  • Nanquim tipo sumi diluído em água
  • Papel Canson Esboço 90 g/m² A3

Comentários

Uma resposta para “O prazer das coisas mecânicas”

  1. […] ser tradicional, foi a primeira vez que vi a parada de perto. Deve ser porque nunca desenvolvi a nostalgia de discos de vinil. Até admito que reativar a memória motora de colocar a agulha exatamente no intervalo entre as […]

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