No meio da semana passada, fiquei sabendo que o 79º encontro do Urban Sketchers Florianópolis seria na mesma hora da Feira do Vinil, evento que ocorre há mais de quinze anos em Florianópolis. O troca-troca de discos foi em um quiosque na praça Pereira Oliveira, ao lado do Teatro Álvaro de Carvalho, nosso alvo de desenho.
Apesar da tradição da feira, foi a primeira vez que vi a parada de perto. Deve ser porque nunca desenvolvi a nostalgia de discos de vinil. Até admito que reativar a memória motora de colocar a agulha exatamente no intervalo entre as faixas e escutar os estalidos é agradável, mas os preços me assustam e a falta de espaço em casa me limitam.
Além da venda e troca dos bolachões, rolou uma banda. Desenhar escutando música é uma experiência diferente. Você está ali alternando a atenção entre o papel e o objeto de desenho, mas escutando tudo ao redor. Lembrei de uma vez em que ouvi toda uma playlist enquanto registrava o Museu Victor Meirelles na Maratona Cultural em 2019.
O curioso dessa feira é que de longe ela pareceu ser temática: a banda era de hard rock dos anos setenta e estava cheio de tiozões com jaqueta jeans ou de couro. Qual a razão da preponderância desse estilo numa feira de vinil? Ninguém vende álbuns da Deutsche Grammophon, Elenco ou Tuff Gong?
Acabou que eu reconheci quase todo o repertório da banda. Até acompanhei a letra de algumas músicas, mas misturava todo o resto. I’ve been mistreated é do Deep Purple ou do Rainbow? E Sensitive to light, do Black Sabbath ou do Dio?
É o tipo de som que eu escutei muito entre adolescência e um pouco antes dos trinta. Hoje, quando ponho um dos discos clássicos para ouvir no streaming, aperto stop antes de acabar a primeira música. Vai saber o porquê, mas não reclamo: me salvou de andar por aí de colete rasgado, camiseta do Justiceiro e bota zebu em plena meia idade.
- Tira-linhas Dreaming Dogs nº 5 (“Leeloo”)
- Pincel japonês
- Nanquim tipo sumi
- Papel Hahnemühle Veneto 325 g/m² A3
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