Com as sessões de modelo vivo suspensas, estou há um tempo desenhando só linhas retas. Quando muito, uma fachada em curva ou um pneu de carro. É o que vejo quando vou registrar a arquitetura nas ruas de Florianópolis.
Mas hoje, estou sentado em uma espreguiçadeira no jardim em frente ao casarão do departamento de Botânica da UFSC. A ideia era sair de casa, mudar de ares. Como trouxe o caderno, escolho desenhar a árvore mais chamativa: uma imensa palmeira de onde brotam pelo menos três outras espécies. A placa de identificação diz que é uma tamareira e informa o nome científico, Phoenix canariensis.
Não lembro a última vez que desenhei algo tão complicado. Em uma edificação, os elementos se repetem. Na árvore, é preciso prestar atenção, sem presumir nada. Cada folha se dobra de um jeito diferente da outra. As texturas são irregulares.
Por isso aplaudo o trabalho que Steve Bissette e John Totleben fizeram na HQ Monstro do Pântano, quando mudaram a aparência massuda do personagem e passaram a representá-lo como um amontoado de raízes e musgo. Imagino o trabalho que tiveram.
Teria sido uma tarde pra descansar cercado pelo verde, não fosse pelo ruído da motosserra dos funcionários de uma empresa de poda.
- Caneta tinteiro Lamy Safari
- Caderno Canson Art Book One A5 100 g/m²
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