Categoria: Urban Sketchers

  • Boa Viagem oferece caldinho, abacaxi e tubarões

    Boa Viagem oferece caldinho, abacaxi e tubarões

    Último dia em Recife e o céu continua azul e sem nuvens desde que chegamos há dez dias. O vento disfarça o sol forte que faz parecer ser dez da manhã, apesar do relógio marcar oito e meia. Explica-se: Recife fica 1,5 mil quilômetros a leste de Florianópolis. Amanhece pelo menos uma hora mais cedo…

  • Desenho turbulento

    Desenho turbulento

    Acho difícil, quase impossível, dormir no assento da classe econômica de um voo doméstico. Quando muito, dou cochilos curtos. Até na sala de espera da Caixa e no banco de plástico duro do transporte municipal daqui de Florianópolis tive sonos melhores. Tento me distrair com música ou algo para ler. E, quando as condições permitem,…

  • Por um 2023 com mais desenhos na rua

    Por um 2023 com mais desenhos na rua

    2022 foi o ano que definitivamente marcou o retorno do Urban Sketchers Florianópolis às ruas da cidade depois de dois anos sob ameaça da Covid. A queda dos números de casos permitiu o retorno dos encontros no final de 2021. Fizemos sessões de desenho no Campus da UFSC, Chácara do Espanha, Centro Histórico de São…

  • A (outra) lanchonete dos arcos dourados

    A (outra) lanchonete dos arcos dourados

    Frente à oportunidade de desenhar a fachada do antigo hotel Metropol, exemplar bem conservado da arquitetura eclética de 1910, de fachada simétrica e cheia de ornamentos, na rua Francisco Tolentino, o que eu escolho? A lanchonete Amarelinha a menos de 50 metros dali. A faixa vermelha com dizeres em amarelo anuncia café, salgadinhos, pratos executivos…

  • Resistência com frutas e terra preta

    Resistência com frutas e terra preta

    O contraste não poderia ser mais evidente. De um lado da rua, o prédio novo, com apartamentos de tamanhos inversamente proporcionais à pretensão do “Studios & Gallery” no nome. Do outro, três pequenas casas – duas de madeira e uma de material – nos fundos de um terreno que pertence à mesma família há mais…

  • Sempre haverá um pneu furado para quem é borracheiro

    Sempre haverá um pneu furado para quem é borracheiro

    — Eu te conheço! Tu é o artista que desenha por aqui. Já te vi antes! — diz o homem que passa por mim pela calçada. Ele fala alto e tem os “s” bem chiados. É verdade: fim de semana passado ele andava pelo posto de gasolina a um quilômetro daqui, mais perto da universidade.…

  • Centro Cultural Veras, aos dois meses

    Centro Cultural Veras, aos dois meses

    Participo em um grupo de rede social que se dedica a trocar fotos antigas de Florianópolis. É comum alguém postar uma foto de um prédio histórico abandonado e logo vir o comentário: — Poderia ser um centro cultural. É bem intencionado quem escreve isso. A pessoa prefere que o lugar exiba arte, conhecimento histórico ou…

  • Os tipos espalhados na galeria

    Os tipos espalhados na galeria

    Entrar em um museu é atravessar um portal onde imediatamente adotamos um ar sério e endireitamos a postura. Examinamos as etiquetas de cada obra como se buscássemos uma chave para entender seu significado verdadeiro. Isolados do barulho da rua, falamos baixo. Aos poucos, dezenas de desenhistas chegam ao Instituto Collaço Paulo, em Coqueiros, e se…

  • A padaria sob proteção divina

    A padaria sob proteção divina

    Em 2016, o folheto de um novo empreendimento no bairro já mostrava as mudanças planejadas para a entrada do loteamento Jardim Guarani, no Córrego Grande. Na vista aérea montada com 3D e Photoshop, o terreno onde ficam a padaria, a casa cor de salmão e a borracharia virou um inóspito triângulo gramado. Três anos depois,…

  • A cunhada artista

    A cunhada artista

    A calçada de menos de meio metro de largura me força a desenhar em pé, encostado em uma mureta. Não tem espaço para eu sentar no banquinho, que deixei em casa, no porta-malas do carro. Uma senhora passa andando por mim e aproveita o espaço estreito para espiar o que estou fazendo. — Muito bonito…

  • Nove meses no Japão, três desenhos

    Nove meses no Japão, três desenhos

    Há algo de inquietante em morar em uma cidade estranha. Mais ainda em tentar retratá-la. A ausência de vínculo com o lugar pode dar a impressão de que há muito a descobrir, mas a verdade é que acaba se ficando nas aparências. Você vai desenhar construções que não sabe para que servem, nem se são…

  • O palácio desocupado e as ruas vazias

    O palácio desocupado e as ruas vazias

    A rua é generosa. O crime, o delírio, a miséria não os denuncia ela. João do Rio em A Rua Desenhar no Centro faz treinar outras habilidades além do traço. A primeira é não se distrair com a quantidade de passantes, bem mais numerosos que em outros lugares da cidade. Ainda que, em sábados anteriores,…