Categoria: Urban Sketchers

  • Viemos como estávamos

    Viemos como estávamos

    Faço parte de uma plateia resignada e aflita, espalhada pelas cadeiras, que não comprou ingresso e nem ganhou convite. Estamos todos aqui por causa de um único integrante de uma peça cujo script diz que ele ou ela vai entrar pela porta de correr, sair duas horas depois e recitar sua fala.

  • De onde vêm esses topônimos?

    De onde vêm esses topônimos?

    Nós, que descendemos de gente vinda de outros terras, parecemos querer confundir as pessoas com os nomes que damos aos lugares. Em Canasvieiras, que é bairro e nome de praia, não há canaviais. Quem sabe, barraquinhas de caldo de cana. Nos Ingleses, ainda no norte da ilha, é bem mais provável topar com um portenho…

  • É melhor não lembrar

    É melhor não lembrar

    O esquecimento, na geladeira de casa, do sanduíche que seria meu café da manhã me custa vinte e sete reais. É o que paguei por um croissant de queijo com peito de peru tomate e alface, uma xícara média de café passado puro e uma fatia de torta integral de banana. Vou intercalando o doce…

  • Assista ao documentário sobre o Urban Sketchers Florianópolis

    Assista ao documentário sobre o Urban Sketchers Florianópolis

    A produtora Vinil Filmes acaba de disponibilizar na internet os quatro episódios do documentário sobre o movimento Urban Sketchers Florianópolis, que organiza sessões de desenho de observação em vários pontos da cidade. Antes, os vídeos estavam restritos à programação da TV da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), onde estrearam em setembro de 2021. O…

  • O eclético grudado no pós-moderno

    O eclético grudado no pós-moderno

    O sujeito vê aquele monte de gente desenhando na rua Felipe Schmidt, me acha com cara de quem sabe o que está acontecendo, chega ao meu lado na calçada da praça 15 de Novembro e pergunta: — Vocês estão fazendo uma competição? Se é competição, escolhi uma posição favorável. Estou protegido do sol pela sombra…

  • Eu poderia estar vendendo bilhete de loteria

    Eu poderia estar vendendo bilhete de loteria

    Estou em pé, encostado na mureta da padaria Maria Farinha, com a prancheta na mão esquerda e a caneta na direita. É junho, mas o sol forte permite sair de camiseta. A minha é amarela. Uma senhora franzina se aproxima puxando um carrinho de feira. “Vai perguntar o que estou fazendo e quem sabe elogiar…

  • Vende-se casa na Padre Roma

    Vende-se casa na Padre Roma

    O temporal com raios, rajadas de vento, granizo e alagamentos que a Defesa Civil prometia para a tarde de sábado se materializou em um chuvisco fraco, sem nem uma brisa que refrescasse o dia quente e úmido do verão de Florianópolis. Os poucos pingos de chuva que caíram sobre o nanquim ainda molhado, porém, deixaram…

  • Palavras ao vento

    Palavras ao vento

    Entrando em Porto de Galinhas, o motorista que nos trouxe de Recife logo recomenda aquelas camisetas de manga comprida com proteção contra os raios ultravioleta que quase todos vestem por aqui, de ambulantes empurrando carrinhos a veranistas em cima de mountain bikes com peças importadas. Chegamos à praia na metade da manhã, em um trecho…

  • O homem que assobia e vê golfinhos

    O homem que assobia e vê golfinhos

    Sete e meia da manhã na praia de Açores, no sul da ilha de Santa Catarina. Um senhor de barba e boné chega na areia e abre o guarda-sol e duas cadeiras dobráveis. Senta-se na da direita, de tecido amarelo. Sua mulher, mais magra e de cabelo preto, vem em seguida e pega a listrada.…

  • A música entre os voos

    A música entre os voos

    Numa viagem dez anos atrás, vi a cantora belga Selah Sue no aeroporto de Florianópolis, retornando de um show no dia anterior. Na fila do check in, estava separada da banda – caras uns quinze anos mais velhos que ela e uns trinta centímetros mais altos, de roupas pretas e brincos na orelha. A artista,…

  • Boa Viagem oferece caldinho, abacaxi e tubarões

    Boa Viagem oferece caldinho, abacaxi e tubarões

    Último dia em Recife e o céu continua azul e sem nuvens desde que chegamos há dez dias. O vento disfarça o sol forte que faz parecer ser dez da manhã, apesar do relógio marcar oito e meia. Explica-se: Recife fica 1,5 mil quilômetros a leste de Florianópolis. Amanhece pelo menos uma hora mais cedo…

  • Desenho turbulento

    Desenho turbulento

    Acho difícil, quase impossível, dormir no assento da classe econômica de um voo doméstico. Quando muito, dou cochilos curtos. Até na sala de espera da Caixa e no banco de plástico duro do transporte municipal daqui de Florianópolis tive sonos melhores. Tento me distrair com música ou algo para ler. E, quando as condições permitem,…