O florianopolitano que visita o centro histórico de Laguna (SC) fica meio nostálgico imaginando como seria a capital meio século atrás, antes do aterro separar o centro do mar com avenidas largas. De carro, é preciso desatar o novelo de retornos e acessos para não sair da cidade sem querer pela ponte Colombo Salles. À pé, só para quem se garante na briga de rua.
Laguna se salvou dessas grandes obras. O Mercado Público deles, assim como o nosso até a década de 1970, tem água salgada batendo nas fundações. É tão à beira do mar que, durante a reforma que estava em andamento, os peixeiros foram vender em barcos amarrados nas docas perto dos tapumes da obra.
Os peixes ficavam guardados em caixas dentro das pequenas embarcações coloridas e exibidos no pavimento de pedra debaixo de coberturas de plástico azul junto com a balança. Gaivotas e garças em cima das estacas esperavam as espinhas e nadadeiras que os funcionários iriam jogar na água.
Junho é época de tainha, peixe que aparece no inverno (nos meses sem “r”, como se diz). Estavam bonitas e havia boas chances de serem frescas porque no dia anterior vimos pescadores na praia separando um lote recém capturado.
Nos ofereceram peixe e camarão, mas explicamos que estávamos de viagem e não poderíamos levá-los. Insistiram, argumentando que poderíamos transportar tudo no avião.
Que avião? Viemos de carro. E nosso mercado aqui de Florianópolis, apesar de ficar longe do mar, por enquanto também vende peixe.
- Caneta tinteiro Lamy Safari
- Caderno Hahnemühle A4
Este é o segundo de uma série de cinco desenhos de uma viagem à cidade de Laguna, em Santa Catarina, em junho de 2019. Veja os outros:
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