A meia hora em que eu e Carol Grilo ficamos no café do Largo da Alfândega foi suficiente para fazer um desenho. E também para sentir o clima do centro de Florianópolis entre Natal e Ano Novo, quando os primeiros turistas aparecem e os moradores que sobraram pela cidade tentam resolver as coisas do réveillon.
O largo dá para os fundos das lojas tradicionais da rua Conselheiro Mafra. Há cerca de quarenta anos, a Casa do Povo, na esquina, vende tecidos em um casarão do século 19 onde antes funcionou um armazém, um bordel e um bar.
Começo o desenho pelos elementos em primeiro plano. No caso, uma árvore complicada cheia de galhos. Não deu outra: dominou o desenho e ficou na frente de boa parte dos detalhes arquitetônicos.
Programa turístico
No café, ouço a conversa entre um casal de senhores em excursão e a guia turística, de uniforme, fone de ouvido com microfone e chapéu bucket. Ela explica, com o “r” caipira do interior, que eles podem aproveitar a parada para ir até a Praça 15 e conhecer o Centro. Mas sugere esperar a próxima parada no mirante da Lagoa para comer pastel, em vez de comprá-lo logo ali na feira do Largo (à esquerda no desenho).
Eu teria desobedecido a guia e comido o pastel na feira. É o que faz outro casal, de jovens, que se senta na mureta em frente à árvore. Terminam de comer, vão embora, mas consegui desenhá-los.
Em seguida, um funcionário uniformizado se encosta no quadro de luz à esquerda para descansar um pouco. Atrás dele, ficam os únicos banheiros químicos que desenhei na vida.
- Caneta tinteiro Jinhao X750 com pena tipo dobrada tipo fude
- Tinta Koh-I-Noor Document Ink
- Caderno Canson Art Book One 100 g/m², 14 x 21,6 cm
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