Desenho a traço em primeira pessoa do interior do quarto, sobre fundo imitando papel kraft

Felizmente, foi uma gripe

Não são os primeiros raios de sol da manhã. Devem ser os quartos ou quintos. Afinal, já são nove horas em uma manhã de setembro do ano passado.

Faz três dias que estou isolado no quarto, esperando o resultado do exame que vai dizer se minha febre, garganta inflamada e dor de cabeça são sintomas do Covid-19 ou aquela gripe que arranjo todo ano.

Cumpro o protocolo todo. No hospital, exames. Enquanto espero, um senhor se senta em uma cadeira próxima à minha, com a máscara debaixo do nariz. Olho feio, mas não adianta. Na vez dele, ouço-o falar com a enfermeira:

— Fiz exame de Covid, deu positivo e o médico me pediu para voltar aqui, diz ele.

Ou seja, a probabilidade de eu virar um pontinho na curva de infectados acaba de aumentar.

Depois de algumas horas, chegam os resultados dos exames, mas não o do RT-PCR. Este, só em 72 horas.

O médico me dá algumas explicações e entrega a receita dos remédios. Além de anti-inflamatório e antitérmico, tem vitamina D, zinco e Ivermectina, um vermífugo inócuo contra o vírus, como se esperava. Suponho que em casa ele use ratoeiras para matar formigas. Na farmácia, deixo esse último item de lado.

Dias depois, vem o resultado, negativo, confirmado semanas depois por um exame sorológico. Mas a lombar e a cervical ainda iriam me mandar a fatura desses dias na cama.