Um dos benefícios de desenhar as construções da cidade é ganhar vocabulário. Por exemplo, “lambrequim”. É o nome que se dá para o adorno em madeira que segue o telhado, presente neste casarão na esquina das ruas Luís Delfino e Alves de Brito, no Centro de Florianópolis.
É um elemento que aparece mais nos estados do Sul do Brasil por causa da imigração italiana, alemã, polonesa e afins. Em Florianópolis, cidade de colonização açoriana, é mais raro. Há outra casa, que resiste em pé na Bocaiúva com a Gama D’Eça, que também tem o enfeite.
No asfalto, no calor
O casarão da Luís Delfino é de 1917, foi reformado há uns três anos e hoje abriga o Hub Casacanto, um espaço coletivo de coworking, exposições e hospedagem, com um bar para shows e outros eventos culturais no sotão.
Não deixa de ser um resgate de outros tempos. Dizem que a família que morou na casa tinha o costume de reunir amigos para tocar piano.
O convite para desenhá-la veio do arquiteto Abreu Junior, um dos idealizadores do espaço. Foi lá que ocorreu o 34º encontro do Urban Sketchers Florianópolis, em 2018.
Fiquei uma hora sentado na esquina oposta, com um muro às costas e asfalto à frente, sem sombra e debaixo do sol de fim de primavera.
Mas de agora em diante, ao ver uma casa antiga com um desses enfeites de madeira, vou falar de boca cheia: “esses lambrequins me trazem à memória as paisagens rurais da Europa”.
- Pena de bambu
- Pincel tipo waterbrush
- Aquarela em pastilha
- Papel Canson Montval 300 g/m² A3
- 15 de dezembro de 2018