Mesmo sem nunca ter visitado a Capela São Sebastião, no Campeche, sabia que haveria um cemitério ao redor. Está no mapa e é comum em outras igrejas açorianas de Florianópolis, como no Ribeirão da Ilha e em Santo Antônio de Lisboa.
Pela idade da capela, de 1826, imaginava encontrar túmulos antigos. Mas são novos, de granito brilhante e flores de cores vivas. E o local tem uma particularidade: a igreja fica de costas pro mar.
O acesso ao cemitério é por uma porta azul de madeira nos fundos da capela. Uma placa informa os celulares dos coveiros para aqueles que morrerem fora do horário comercial.
É um cemitério grande. Mais adiante, há a restinga e, por fim, o oceano.
Não gosto de cemitérios. Sem querer, começo a calcular nas lápides a idade das pessoas quando morreram. Quando vejo a de alguém que partiu antes da idade que eu tenho agora, fico pensando que minha vez está perto.
Uma moça mal chegou aos vinte anos. Outra senhora teve mais sorte, passou dos setenta. Quem sabe, chego nisso.
Cemitérios me fazem lembrar de que no fim não importa o que você fez da vida ou o quanto sua família decidiu gastar em seu mausoléu, é uma vaidade inútil querer comprar a imortalidade. Aqueles que conviveram com você perduram por mais algumas décadas e acabou: tudo passa como se nunca tivéssemos existido.
E nem adianta manter um blog achando que seus desenhos e escritos ficarão como patrimônio da humanidade. Assim que o cartão de crédito for cancelado por falta de pagamento do defunto, a empresa de hospedagem tira todo o conteúdo do ar.
- Lápis Staedtler 100 EE
- Lápis Cretacolor Graphite Aquarell 180 08 8B
- Pincel Pentel tipo waterbrush
- Sketchbook Hahnemühle A3
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