Cartaz do filme Desilusão com pintura mostrando uma moça na janela olhando para um homem com fantasia de carnaval e um bumbo

Como fiz dois cartazes de cinema

Minha contribuição para o cinema catarinense vai um pouco além de sentar na poltrona de espectador. Frequento as estreias e amigos cineastas até já me convidaram para aquelas exibições fechadas antes da montagem final.

Mas orgulho mesmo foi ter feito os cartazes de duas produções daqui de Florianópolis: Desilusão (2008) e Memórias de Passagem (2011).

Ter o impresso era importante: os editais de cinema exigiam a entrega de um DVD e a inscrição em festivais era feita enviando um disco ou pen drive. A arte servia tanto para a capa do DVD como para o pôster que era despachado juntamente com o filme e exibido na mostra.

Do esboço à pintura

Cartaz com pintura representando um rosto pela metade, de ponta cabeça
Cartaz do filme Memórias de Passagem, de 2011

Para o filme Memórias de Passagem, assisti ao DVD gravado que o diretor Marco Stroisch me emprestou. Era o jeito mais fácil de passar um arquivo de 500 MB e, além do mais, ele morava perto. Vi a primeira vez como um espectador comum e outras tantas vezes pausando, avançando e retrocedendo para capturar ideias.

Desenhei algumas propostas a lápis que apresentei ao Marco, que escolheu uma cena chave do filme. Decidimos o esboço e fiz um novo ensaio, desta vez digital, para testar as cores e o estilo. Por fim, peguei uma tela, os tubos de tinta acrílica e parti pra pintura final. Os títulos e ficha técnica foram adicionados pelo próprio Marco, com alguns poucos palpites meus.

Itens de colecionador

Desilusão é dirigido por Marco Stroisch e Bob Barbosa. A história se baseia no primeiro longa-metragem filmado em Florianópolis, O Preço da Ilusão, produção de 1958 dirigida por Nilton Nascimento com roteiro dos escritores Eglê Malheiros e Salim Miguel, do qual restam apenas os sete minutos finais, incluídos no DVD nesta nova versão.

De novo, rabisquei ideias e escolhemos reproduzir uma cena do filme. Usei tinta acrílica, desta vez numa pequena folha A4, que facilitou na hora de escanear. Além do design dos créditos, fiz o título com nanquim e pincel japonês, bem antes de ter começado a praticar caligrafia regularmente.

Ivan escreve título do filme com pincel japonês
Caligrafia reforça identidade do filme

A arte foi aplicada no cartaz, impresso em 70 x 100 cm, e no DVD (disco e caixa). No orçamento, ainda deu para espremer uma camiseta, que foi usada pelos figurantes do bairro da Caieira do Saco dos Limões, uma das locações da produção, no dia da estreia no Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM, no Teatro Ademir Rosa, no CIC.

Comentários

2 respostas para “Como fiz dois cartazes de cinema”

  1. […] na falta de informações. Tinha medo de “começar errado”, sem método. Mesmo as ocasionais palavras escritas à mão para trabalhos de design gráfico não foram o suficiente para iniciar um hábito: eu adiava o início para quando tivesse tempo […]

  2. […] produções menores, há mais liberdade (como nos cartazes poloneses). Nos trabalhos para os filmes Desilusão e Memórias de Passagem, eu hoje teria escolhido ideias mais conceituais em vez de reproduzir cenas. Mas como são […]

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