Meu livro 60 dias dentro de casa – Um diário ilustrado do isolamento acaba de sair. A edição traz os desenhos e textos que fiz entre março e maio deste ano. São 84 páginas com mais de quarenta obras, várias delas coloridas.
Para comprar:
- Livro impresso (físico): Livros & Livros (online e loja física)
- E-book (para tablet e notebook): Amazon.
Na minha cabeça, haveria uma noite de autógrafos em um bar, muito provavelmente no Tralharia, cercado dos amigos que frequentam aquela parte do Centro de Florianópolis. Mas já completamos cinco meses com o vírus circulando, o Tralharia teve de fechar e, por isso, o livro vai chegar aos leitores sem evento presencial (mas vai rolar live).
O caderno como registro
O surto mandou para o beleléu duas das minhas rotinas de desenho: as sessões com modelo vivo e os encontros do Urban Sketchers Florianópolis. Sem poder ir para a rua, comecei a desenhar pela casa, documentando coisas como a cozinha, que passou a ser usada todo dia, e o expediente no home office improvisado, realidade comum a muita gente nos últimos meses.
Não é de hoje que tenho vontade de publicar meus desenhos. O isolamento, além de ter me dado mais tempo, virou o tema de fundo que amarra a produção dessa época que será lembrada por muitos anos.
O tempo passa (com ou sem pandemia)
Uma hora, vamos lembrar desse surto de Covid-19 como algo do passado. Enquanto isso, é preciso cuidado para não afundar em más notícias. Minha solução foi desenhar, atividade que tem o benefício duplo de fazer a atenção se concentrar numa única coisa e de fixar a memória.
Confesso que, no início, fiquei receoso de bancar sozinho a impressão e todo o trabalho de criar o livro, mas resolvi que já era hora de investir em um projeto pessoal. Mesmo quem trabalha na chamada “indústria criativa” sabe que muitas vezes a criatividade que fala mais alto é a do chefe ou do cliente. Por isso, é importante criar espaços onde você faz o que bem entende.
Múltiplas fontes
Nos cinco ou seis cadernos que mantenho, contei mais de quarenta obras desse período, feitas com pastel seco, caneta tinteiro, tira-linhas, aquarela, técnicas digitais, entre outros. Montei uma tabela com dimensões, materiais e títulos, e anotei também as curtidas nas redes sociais (sem editor, isso me ajudaria caso precisasse deixar alguma de fora).
Vários textos que acompanham os desenhos já estavam publicados como legendas nos posts. Outros, editei ou escrevi do zero.
Investimento
Sem sangue frio para uma campanha de financiamento coletivo, nem paciência de esperar por editais, escolhi a autopublicação. Hoje, existem gráficas especializadas em tiragens pequenas, com qualidade comparável ao ofsete.
Aproveitei ainda que sei tratar imagens e já fiz design de publicações, dois serviços que valorizam a edição (e que comeriam boa parte do orçamento se eu contratasse outros profissionais).
O processo
Toda publicação deve ter um projeto, aconselha a experiência e as aulas na faculdade de Jornalismo. Planejar as páginas foi crucial para prever o tamanho do livro e estabelecer a sequência dos desenhos. Foi aí que me dei conta de que poderia organizá-los por temas, em vez de ordem cronológica.
Na hora de tratar as imagens é que se vê como a ilustração digital facilita a vida até na edição: não é preciso escanear nem corrigir cores, brilho ou contraste, etapas inescapáveis para os originais em papel.
O projeto gráfico e a diagramação correram em paralelo. Os títulos são em Futura Medium e o corpo do texto em ET Bembo. Os desenhos vão até o limite da folha (“sangrados”, no jargão das artes gráficas) para aproveitar todo o espaço. No design das páginas, recorri ao Elementos do estilo tipográfico, obra de referência de Robert Bringhurst.
Imprimir uma tiragem por demanda é igual em qualquer gráfica convencional. Você envia os arquivos, eles lhe mandam uma prova e, se estiver tudo OK, imprimem o livro. Sempre fico ansioso antes de enviar algo para a gráfica, mas a qualidade da prova física me surpreendeu. É preciso um olho especializado para diferenciar do processo ofsete. Como esse primeiro lote se esgotou em menos de cinco dias, tomei coragem para encarar uma tiragem bem maior em uma gráfica convencional.
Vai ter sequência?
Por causa do título 60 dias dentro de casa, volta e meia alguém pergunta, ironicamente, quando sai o segundo volume, já que faz tempo que passamos de 120 dias. O trabalho do livro, entretanto, deixou a prática do desenho em segundo plano. Mas continuo produzindo e espero, embora sem muita esperança, que a pandemia acabe antes que eu acumule material para outro volume.
Serviço
60 dias dentro de casa – Um diário ilustrado do isolamento
Ivan Jerônimo
84 páginas
17 ⨉ 24 cm
Edição do autor
Onde comprar e outras informações
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