Desenho da Igrejinha da UFSC em nanquim

Em ano de eleição, nem o Urban Sketchers escapa

Um ou dois dias antes do encontro do Urban Sketchers Florianópolis, a equipe de redes sociais da prefeitura postou uma foto da inauguração da reforma da praça Santos Dumont, no bairro da Trindade. Mostra algumas pessoas em pé, atrás de um bolo do tamanho de duas mesas de bar.

O tema da sessão de desenho foi o conjunto da Igrejinha da UFSC, restaurada há um par de anos, com o Teatro e a Casa do Divino, todos de frente para a praça.

Só que nas fotos da prefeitura, não aparece ninguém do povo. Só a fileira de gente que parece funcionário da prefeitura. Brinco com minha mulher, imaginando o prefeito encomendando o bolo e pedindo pra equipe de rede social postar as fotos só depois do evento: “É, senão o povo avança. E diz pra todo mundo aqui levar um tupperware. Melhor: um pote de sorvete que vai ter bastante pra levar pra casa!”

Praça cheia de desenhistas

O que faltou de gente nos canais oficiais da prefeitura, sobrou no dia do encontro. Além das famílias com crianças e cachorros, teve mais de cinquenta participantes espalhados na calçada com suas pranchetas, bancos dobráveis e sketchbooks.

Foto do autor sentado com o desenho inacabado no colo
Primeiro o traço com a pena de bambu, depois o preenchimento com pincel

Visitas inesperadas

De repente, aparecem um senador e uma deputada federal em roupas informais. Cumprimento-os e eles contam que estavam ali porque um amigo, funcionário da UFSC, os avisou que estaríamos desenhando a Igrejinha.

O senador pergunta por que não estamos lá dentro. Explico que acabamos não contatando o Departamento Artístico-Cultural e que raramente retratamos a parte interna das construções. Ele fala orgulhoso do altar que foi descoberto na reforma, que depois eu soube que foi viabilizada por emenda parlamentar. Achei que ele estava mencionando o belo mural do Hassis, que também foi restaurado na mesma época.

Ele tem a ideia de procurar as fotos da obra no celular, um iPhone de uns cinco anos de idade. Enquanto isso, conto um pouco sobre nossas atividades e percebo que ele está rolando a tela sem parar.

“Foi em 2019, né? Só tem as fotos da nossa viagem”, pergunta à esposa, que já parece impaciente com a busca sem resultados. Se fosse um Android com o Google Photos, já teria achado. De óculos escuros e com a tela pequena distante dos meus olhos, sou inútil pra ajudar.

Fim do encontro

Eles dão mais uma olhada no movimento e me perguntam se podem tirar uma selfie para enviarem ao amigo que deu a dica do evento. No fim, perguntam que horas terminaríamos. “Às cinco”, respondo. Prometem voltar para ver os desenhos. Antes de irem, o senador faz uma última piadinha com a cor das nossas camisetas – por coincidência, eu e ele estamos de verde, ela de amarelo.

Foto dos participantes do Urban Sketchers em frente à Igrejinha da UFSC
Recorde de participantes

Terminada a sessão, os participantes abrem seus cadernos na calçada e depois vão para a frente da Igrejinha bater a foto oficial, que teve de ser tirada do outro lado da rua para fazer caber todo mundo. Sorteamos o livro e explicamos como funciona o Urban Sketchers para quem estava ali pela primeira vez.

São quase seis da tarde quando encerramos o encontro. E nada dos dois políticos.


  • Pena de bambu
  • Pincel japonês fude
  • Nanquim tipo sumi
  • Papel Hahnemühle Veneto 325 g/m² A3

Comentários

Uma resposta para “Em ano de eleição, nem o Urban Sketchers escapa”

  1. […] isso mudou com o primeiro encontro de 2022. Batemos o recorde com 55 pessoas na Igrejinha da UFSC em março e repetimos a marca no Instituto Collaço Paulo em setembro. Hoje, nossa média está em […]

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