Foto de um caderno aberto com uma lista de discos (álbuns, LPs) sobre uma mesa laranja. Acima, uma caneta descansa sobre um suporte¸

Enchentes não gostam de música

Depois que Carol Grilo voltou a colecionar vinil, comecei a recordar daqueles que eu já tive. Fui escrevendo um por um no caderno e cheguei a 50 discos, sinal de que a memória anda boa ou eles foram ouvidos à exaustão.

A lista começa nos primeiros álbuns não-infantis em 1986 até a época em que os CDs já haviam se tornado populares (e mais baratos), no começo da década de 1990. Houve um par de anos na transição de formatos em que eu comprava um ou outro, dependendo do preço.

Sem querer invadir o território do blog Dying Days, faço aqui uma retrospectiva. Tirando Titãs, não há quase nada brasileiro na minha extinta coleção. Até 1990, tem muito synth-pop e New Order. Depois de 1992, heavy metal. Dire Straits figura com três álbuns, dos quais um deles botei pra tocar no streaming enquanto escrevia a lista e tirei antes de acabar a primeira faixa.

Claro que esse punhado de LPs que somava menos de quarenta horas não era tudo. As rádios FM complementavam o pacote, das quais a União, que transmitia na frequência 96,9, era minha preferida por tocar rock e outros estilos fora do esquema mais comercial das concorrentes. E quando faltava dinheiro ou aparecia uma raridade, a alternativa era gravar fitas cassetes.

São definitivamente o retrato de um período. Não sou nostálgico com música e me policio para não virar mais um adulto xarope que acha bom só o que ele gostava quando jovem. Daqueles discos todos, escuto pouca coisa hoje. E talvez os menos tocados naquela época tenham se transformado naqueles que eu ainda ouço hoje.

Tem alguns títulos meio fora da curva para um moleque: a coletânea Red, Hot + Blue, com artistas interpretando músicas de Cole Porter, e Spike, de Elvis Costello, comprado na antiga Loja do Som, na avenida Rio Branco, perto da esquina com a Osmar Cunha.

E deve vir daí, e também da coleção de CDs que ainda ocupa uma estante de casa, meu hábito de escutar álbuns inteiros no Spotify no lugar de playlists.

Os vinis foram afogados por uma enchente no verão de 2001. Embora os discos tenha se salvado, as capas e encartes tiveram de ir pro lixo. Demos a pilha de bolachas ao meu primo, que é DJ. Se ele conseguiu usar alguma faixa como base ou sample para suas criações, já fico feliz.

Comentários

2 respostas para “Enchentes não gostam de música”

  1. Fabricio C. Boppré

    Puxa, era uma coleção muito boa. Escuto com prazer, ainda hoje, quase tudo desta lista! Ao contrário de ti, sofro irremediavelmente de nostalgia musical: não passo uma semana sem escutar a-ha, hehehe. (Dias atrás li que a venda de vinis superou a de CDs no Brasil. Quem diria.)

    1. Ahh… A nostalgia é um sentimento que me aparece de vez em quando e que se resolve com a audição de uma ou duas faixas. É raro eu concluir um álbum inteiro de um estilo que não ouço mais. Às vezes até queria ter a paciência de prestar atenção em nuances que a gente não percebe em outras épocas.

      Mas concordo contigo que A-Ha deve ser escutado em doses semanais, no mínimo.

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