1) Sente-se por uma hora e meia debaixo do sol. Ponha um caderno A3 de um quilo e meio no colo. Abra a caixa de pastéis secos, escolha cuidadosamente as cores e reflita com cuidado sobre como simplificar as formas. Alimente os borrachudos que rodeiam sua perna. Satisfeito? Então, em vez de fotografar a obra, aplique o spray fixador. Observe como, ao secar, ele vira uma casca esbranquiçada e quebradiça, esmaecendo as cores e sumindo com os detalhes. Mantenha as esperanças e espere mais um pouco. Vai ver melhora depois que o produto evaporar. Só que nada muda: o desenho foi pro saco. E sem registro.
2) Considere o desenho perdido. Ao chegar em casa, aplique pastel por cima. Não é do seu costume redesenhar os trabalhos feitos na rua, mas admita que ficou quase como antes. Só perde um pouco a espontaneidade. Sem ter formação nem em química nem em restauração, você avalia que o desastre do fixador foi por causa do pastel seco ter absorvido a maresia vinda das baías (colegas que usaram aquarela no lugar perceberam pontos escuros em seus trabalhos). Você acha que não vai ter esse problema de novo porque sua casa fica a 10 km do mar. Reaplica o fixador. As cores escurecem e os detalhes se perdem de novo. Para sempre, desta vez. Por sorte, agira você fotografou antes (com a câmera) e ficou com o registro para publicar.
O episódio aconteceu no 49º encontro do Urban Sketchers Florianópolis na praça do Mont Serrat (caixa d’água), um lugar muito agradável e com uma vista incrível da cidade, em meio à primeira edição da feira promovida pelo Conselho Comunitário. Voltarei!
- Pastel seco
- Papel kraft 110 g/m²
- 32 x 42 cm
- 30 de novembro de 2019
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