Todo projeto de lettering começa com uma conversa sobre o conceito do lugar. É importante saber a cara do estabelecimento para fazer uma arte e um visual que combinem. Tradicionalmente, uma tipografia art déco fica melhor em um café ou confeitaria. Já um lugar com hambúrguer e cerveja artesanal pede um estilo meio faroeste.
No mês passado, recebi um convite das arquitetas do escritório Acervo Arquitetura para fazer três painéis para o Fulano Bar, que seria inaugurado em poucas semanas no bairro Estreito, em Florianópolis. Primeiro desafio: a programação de música ao vivo é eclética. Há dias para samba, sertanejo e pop, por exemplo. Por isso, a opção de usar o universo característico de um só gênero musical ficou de fora.
Invadindo o espaço dos músicos
Começamos com o que fica na cara do público: o painel atrás do palco. Para fugir de referências diretas a algum tipo de música, usamos ações que as pessoas associam com o ato de sair à noite: “dançar”, “agitar”, “olhar”, etc.
A variação de tipos de letras é consequência dos estilos musicais diferentes da casa. Acho também que um dos atrativos do lettering é justamente a mistura tipográfica: cursiva, geométrica, com serifa, woodtype (termo que designa certos tipos de letras produzidos para posters no século 19), etc. As referências ao universo musical ficaram nos desenhos de instrumentos, que também preenchem os espaços entre as palavras.
Projeto finalizado em duas noites
É comum trabalhar com o estabelecimento fechado para não atrapalhar seu funcionamento. No caso do Fulano, foi mais fácil porque a casa ainda não havia sido inaugurada. Dividimos então a execução do painel em duas noites – de dia, trabalho em uma empresa. Para ir mais rápido, a crafter Carol Grilo, que sempre grava em vídeo o processo dessas obras, me ajudou a preencher as letras.
A inauguração oficial foi no dia 15 de julho. Mas uma semana antes, os donos abriram o bar para amigos e para quem participou do projeto. Ver o painel iluminado, com banda e casa cheia, é outra história.
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