Sala de exposição do Memorial Meyer Filho com o artista Ivan Jerônimo à direita sendo aplaudido pelos visitantes à esquerda

Crônica de uma abertura

Quem visita uma exposição e olha os quadros estáticos e quietos na parede talvez não imagine como eles foram parar ali.

A lista de preparativos da minha exposição de desenhos Entre as Páginas tem pregos, martelo, tesoura, trena e molduras. O checklist inclui o convite, o vídeo, o post no blog e a repostagem nas redes sociais. Nas notas fiscais, constam garrafas de vinho, cantoneiras autoadesivas, amendoim e água mineral. E que não falte uma caneta esferográfica para o público assinar o livro de visitas, que isso é importante.

Um empreitada dessas precisa de mais gente. Contei com o trabalho de Carol Grilo nos bastidores, tive a oportunidade de ocupar o Memorial Meyer Filho vinda de Sandra Meyer e recebi as orientações de Kamilla Nunes. Meus agradecimentos nunca serão suficientes.

Mas antes, vem o ato criativo. Criar com a incerteza de êxito. De não saber nem o que seria um êxito. Não ter ideia se outras pessoas vão entender ou, se entenderem, o que vão achar. Ou se deveria ter usado um material mais convencional que o tira-linhas.

Mas no dia da abertura, fico tão agradecido por quem conseguiu aparecer no intervalo apertado que a burocracia da prefeitura reserva aos equipamentos culturais que todo o trabalho fica valendo a pena.

Venho ao Memorial Meyer Filho abrir a exposição e já encontro amigas esperando para entrar. De repente, chega alguém que eu não via há anos. E vem também aquela pessoa com quem vínhamos prometendo sair dia desses e esse dia afinal foi o da abertura.

Aqui, entre conhecidos, fico até tranquilo quando Kamilla propõe uma breve fala ao público. Fiquei tão envolvido na montagem que com certeza encontraria o que dizer.

Não escondo o orgulho de ver tanta gente olhando as obras e assistindo ao caderno de esboços sendo folheado no vídeo exibido na TV cuja desaparição do controle remoto mobilizou meia dúzia de pessoas até que Kamilla comprasse um genérico no camelô ali perto.

Estimei que viriam trinta pessoas. No fim da noite, contei setenta. Gente comedida, que deixou sobrar vinho e amendoim, compensando meu cálculo errado. Garrafas que no fim terminaram nas mesas dos bares da rua Victor Meirelles.

Portanto, se você é uma das pessoas que foi à abertura ou visitou a exposição em um outro dia, meu sincero “muito obrigado”.

E se ainda não foi, refaço o convite: a exposição continua até 28 de junho (detalhes abaixo).


Exposição Entre as Páginas
23 de maio a 28 de junho de 2024, de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h
Memorial Meyer Filho
Praça XV de Novembro, 180, Centro

Comentários

2 respostas para “Crônica de uma abertura”

  1. Sandra Meyer

    Ivan foi um prazer receber tua mostra no Memorial Meyer Filho. Parabéns pelo teu trabalho precioso. E quanto aos sobras de vinho, foram bebericadas no after! Meu pai certamente beberia uma gelada em tua homenagem! Obrigada por topar a trabalheira boa que é montar uma exposição. ❤️🫶🏼

    1. O prazer foi (e está sendo) meu, Sandra! Bonito pensar que Meyer Filho estaria comemorando junto.

      Pra outra trabalheira boa dessas, é só chamar!

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