Fotografia de papéis com desenhos e frases escritas à mão. Ao fundo, um tira-linhas em cima de um suporte

O retorno do cartão de ano novo (em papel)

Resolvi retomar um hábito que parei há vinte anos: o de enviar cartões de ano novo. Impressos. Pelo correio.

Pode me chamar de saudosista, perdulário ou antiecológico, mas trabalho como designer de UX há mais de dez anos e sinto falta da simplicidade e da liberdade de imprimir em papel.

O costume vem da época em que morei no Japão. Lá existe a tradição de mandar esses cartões – chamados de nengajō (年賀状) – a parentes, amigos e colegas. Como em vários aspectos da cultura japonesa, há regras. A mais importante é que os cartões devem chegar no primeiro dia do ano, nem antes, nem depois. Para isso, o correio japonês todo ano faz uma operação especial de logística, com reforço de uma tropa de jovens contratados temporariamente.

O costume gerou uma indústria. Você pode comprá-los prontos em papelarias, imprimi-los em gráficas expressas, às vezes até com a mensagem já incluída. Os desenhos quase sempre são relacionados com o animal do ano no horóscopo chinês. O de 2025 é a serpente.

Essa demanda por pequenas tiragens ajudou a manter por um tempo o mercado de máquinas como a risografia e a extinta Gocco, uma pequena impressora doméstica de serigrafia.

Voltando ao Brasil, enviei cartões pelo correio por alguns anos. Costumava fazer uma composição tipográfica, usando a criação do cartão como um exercício de design. Sem horóscopo.

Depois, parei de imprimi-los e passei a enviá-los digitalmente por email. Mais recentemente, tenho postado-os aqui no blog. São do período das frases escritas à mão, em caligrafia.

Faz alguns anos que ensaio voltar ao papel, mas novembro e dezembro são meses em que se acumulam as atribuições e despesas da vida adulta – férias, IPTU, seguro do carro, finais de projetos, encerramento de cursos – e acabava deixando pro ano seguinte. Mas enfim esse ano chegou.

Agora, deixo dois convites:

O primeiro é: ainda dá tempo de fazer o seu. Se não tiver impressora em casa, use uma gráfica expressa ou online. Ou faça à mão em cartolina (o tamanho é 10 x 15 cm). Desenhe ou escreva o que lhe der na telha. Se preferir usar um modelo pronto, está valendo. O correio dentro do Brasil sai menos de três reais.

O segundo é: reservei um lote de cartões para enviar a quem quiser recebê-los, independentemente se nos conhecemos, se somos parentes, se moramos no mesmo estado ou temos o mesmo sotaque. Basta preencher este formulário com seu endereço (vou usá-lo só para o envio do cartão). Não prometo a pontualidade japonesa no recebimento, mas os arquivos já estão na gráfica.

A arte é surpresa.

Comentários

8 respostas para “O retorno do cartão de ano novo (em papel)”

  1. Sandra Meyer

    Gostaria de receber este lindo cartão!!

    1. Receberás! Vou te mandar mensagem pra pegar teu endereço.

  2. Adorei a iniciativa e as artes. Parabéns!

    1. Obrigado, Sonia! Caprichei no cartão deste ano, vamos ver o que o pessoal vai achar. Abraços!

  3. Alexandre

    Deu uma emoção saudosa ler esse teu texto, Ivan. 🤍

    1. Saudades dos jantares nessa cidade à deriva. E sempre fostes um incentivador das caligrafias. Abraços!

  4. Francisco Ponciano Vieira

    Querido Ivan,

    Fiquei profundamente tocado ao ler sobre sua iniciativa de retomar o envio de cartões de ano novo. Em um mundo cada vez mais digital, é inspirador ver alguém valorizar a simplicidade e a beleza da comunicação impressa. Sua decisão de reviver essa tradição, especialmente influenciada pelo costume japonês dos nengajō, é um verdadeiro presente para todos nós.

    Lembro-me com carinho da minha adolescência, quando colecionava cartões postais. Receber um cartão pelo correio sempre trazia uma alegria especial, uma conexão tangível que as mensagens digitais muitas vezes não conseguem replicar. Sua generosidade em compartilhar essa arte com todos, independentemente de conhecê-los pessoalmente, é um gesto que aquece o coração.

    Agradeço imensamente por incluir meu endereço na sua lista. Mal posso esperar para ver a surpresa que você preparou. Que essa iniciativa traga muita alegria e inspiração para todos que tiverem a sorte de receber um dos seus cartões.

    Com gratidão e admiração,

    Francisco

    1. Oi, Francisco!

      Que queria ter retomado o envio de postais anos atrás, e com comentários como o seu, me arrependo de não ter feito isso antes.

      Acho que realmente precisamos construir pontes mais tangíveis entre as pessoas. E tirar nossas interações das mãos das grandes plataformas. E que forma mais legal de fazer isso do que o bom e velho correio?

      E tu? Não te animas a fazer um postal?

      Abraços

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