O segundo Café com Serifa tinha tudo para ficar vazio. Um encontro sobre tipografia, caligrafia e lettering em uma tarde fria e chuvosa de sábado, 20 de agosto, junto com a final de futebol masculino das Olimpíadas, não podia dar certo. Porém, aproximadamente 25 profissionais e interessados em letras provaram o contrário e assim ocupamos novamente o Coffee & Shop 18. E com uma programação maior que a da edição anterior, de iniciativa dos próprios participantes.
Enquanto o primeiro encontro teve demonstrações de materiais de caligrafia, este segundo foi dedicado à tipografia. Mary Meürer, professora do curso de Design da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e coordenadora do blog Tipos & Textos, organizou mostra com 12 cartazes da conferência de 2015 da Association Typographique Internationale – ATypI, que ocorreu em São Paulo. Designers e oficinas tipográficas foram chamados para criarem os pôsteres, que depois compuseram a exposição Letterpress Reloaded! e foram distribuídos aos inscritos.
Um dos cartazes veio de Florianópolis. Orientados por Meürer, alunos do curso de Design da UFSC criaram uma peça usando tipos de MDF cortados a laser, também expostos no café. A Imprensa Universitária, que ainda mantém uma tipografia, cuidou da impressão. Os pôsteres foram emprestados pela própria Mary Meürer e pelos designers Maíra Woloszyn e Renato Cardoso.
Lançamento de fonte
Para compensar a concorrência com o jogo da seleção, a data proporcionou uma coincidência a nosso favor. Uma semana antes, o type designer Jefferson Cortinove havia lançado a Kareemah, uma família tipográfica sem serifa, com 16 variações, ligaduras e todo o conjunto de caracteres das línguas ocidentais. Convidei-o a apresentar o projeto no Café com Serifa.
Cortinove começou pedindo uma concha (o utensílio de cozinha, não a casa do molusco) ao pessoal do café e explicou que o objeto serviu de inspiração para as formas das letras. Depois, detalhou a criação dos diferentes pesos e variações, mostrou exemplos de caracteres especiais e as ligaduras. Ao todo, desenhou 800 caracteres para as variações.
Brindes aparecem espontaneamente
Na hora do sorteio, o único item programado era o livro Esse é meu tipo, do jornalista Simon Garfield, um apanhado de ensaios e casos curiosos sobre tipografia que comprei na véspera. Mas, assim como no primeiro encontro, vieram contribuições. O Coffee & Shop 18 deu um pacote de café Grãos do Brasil, variedade bourbon amarelo, Cortinove providenciou um download da família completa da Kareemah e Mary Meürer doou um exemplar do cartaz da UFSC.
Conversas e novos projetos
O objetivo do Café com Serifa é ser um encontro para a comunidade que trabalha ou se interessa por letras. A programação é sempre aberta – a ideia é que cada edição seja construída pelos próprios participantes. Ter eventos interessantes e ver as mesas cheias de pessoas conversando, algumas que até então não se conheciam, prova que estamos acertando.
O próximo encontro será à noite, em um dia de semana. O plano é continuar intercalando entre tardes e noites a fim de dar chance a todos. Para ficar sabendo das próximas edições, entre no grupo do Facebook e inscreva-se para receber o boletim. Nos vemos daqui a dois (ou três) meses!
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