Capa do fanzine Gusp nº 1 mostra desenho a traço da esquina das ruas Victor Meirelles e Nunes Machado

Fanzine? Em 2019?

Já falei por aí que não tem como desenhar na rua sem conversar com alguém. Tem aqueles que encostam para puxar papo. Outras vezes, é você quem acaba escutando assuntos alheios sem querer. O que não é ruim: falando com moradores se descobrem coisas interessantes do lugar. Sem contar os diálogos aleatórios que acabam se tornando parte da lembrança de desenhar in loco.

É início de junho quando cineasta Marko Martinz me pergunta por mensagem se eu toparia fazer um desenho para um fanzine que ele e a documentarista Leticia Marques iriam lançar. A ideia é cobrir os arredores da esquina da rua Victor Meirelles com a Nunes Machado, no centro de Florianópolis. Como pareço ter atração por esse tipo de empreitada (que não dá dinheiro mas dá liberdade), aceitei.

O zine Gusp, que sai nesta quarta (17/7), aborda os personagens que circulam pelo lugar e os projetos culturais que resultam dessas interações. Para esta edição, a dupla convidou os artistas Pati Peccin e Julius Schadeck, os escritores Demétrio Panarotto e Fábio Brüggemann e a cineasta Cíntia Domit Bittar. O lançamento é no Picnic Food, hamburgueria vegana ao lado da esquina.

No meio do agito

Marquei com ele e com Leticia Marques no Picnic Food em uma quinta-feira à noite. Dei uma volta pela esquina procurando o ângulo de onde desenhar mas os carros bloqueavam a visão. Decidi fazer da mesa onde estávamos sentados. O fácil é o certo, já dizia a música dos Titãs.

Desenhar no Centro, à noite, é uma atividade social. Não lembro de ter desenhado com tanta coisa acontecendo em volta. Conversei, acompanhei pelo menos dois bate-papos que estavam rolando ao mesmo tempo, fui filmado, fotografado e ouvi os depoimentos que Martinz gravava de um cara sentado ao meu lado. Tudo isso enquanto fazia os traços com caneta tinteiro e decidia se deveria ou não jogar pincel preto nas árvores e no céu. A obra acabou indo para a capa.

O retorno da tesoura e cola

Confesso que achei curiosa a iniciativa do fanzine. Para mim, esse tipo de publicação tinha parado nos anos 90, substituído por blogs e revistas com jeito profissional, resultado de softwares cada vez mais fáceis de usar.

A volta da estética DIY é justamente uma reação ao minimalismo e às fotos super-tratadas de parte das publicações independentes, principalmente daquelas que abordam a cultura. Assim, armados de cola, tesoura, xerox e criatividade, Marques e Martinz lançam a primeira edição do Gusp. E já planejam o segundo número.

Serviço

GUSP – Festa de lançamento da primeira edição do fanzine
17 de julho de 2019, quarta-feira, às 19h
Picnic Food FLN
Rua Victor Meirelles 138, Florianópolis, SC

Comentários

2 respostas para “Fanzine? Em 2019?”

  1. […] o que seria, até agora, meu último rolê noturno (ou diurno): o lançamento do sexto número do fanzine Gusp. Na segunda-feira, 16/3, pego os equipamentos do trabalho e levo-os para casa. Na quinta-feira, […]

  2. […] a terceira vez que desenho na área. As outras duas foram de noite, sentado em uma mesa na calçada da hamburgueria Desvio (antiga Picnic Food), com […]